quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

NÓS... OS TUGAS!


Do Tejo, esventrado sem apelo nem agravo, violado tantas vezes, marginado, tenho memórias de avermelhar qualquer rosto... desde os tempos do  levantar das velas, e do vento marialva, que matreiro, seduzia quantos a ele entregavam os seus sonhos de aventuras...

Para lá do horizonte da sua foz, estava o firmamento, esse mistério, que a todos desvairava... raios, que me apetece tantas vezes... zarpar!

Como os meus ancestrais, vai cá dentro uma alma marinheira, vai-me um Tejo cansado de ser pau mandado, de se ficar... pelo doce ondular.

Venha a maré favorável, ou vento marialva, que me deixarei enrolar, e na crista da onda, juntar-me-ei aos de Quinhentos!

Adeus aos curtos de vista, fiquem com a foz, se quiserem, essa mulher que nos quer embalsamar... fiquem com o norte e com o sul, e as suas querelas birrentas de criança mimada, fiquem com S. Bento, essa trapalhada... que eu fico bem!... vou!

Não me aflige, o escorbuto ou a sarna... que uma água nova há-de sarar... pode vir até o Adamastor, que com ele brindarei aos sete mares... e se for ao fundo, ao menos que seja, nesse vasto explendor... que seja... por um feito maior!

O destino do TUGA, é irromper!, penetrar na selva, comungar com a fera... construir castelos, erguer pelourinhos, e mesmo que a desgraça, mostre a sua raça... beber!, beber esse tinto ou branco, e matar saudades com qualquer santo... que queira aparecer!

A nossa terra é bela!... mas felizmente, somos herdeiros, daqueles cujos sonhos, ousaram... ir muito, muito... para lá dela!

Vamos!... dar-te um beijo!... estejas onde estiveres... tu, do outro lado... sejas tu... o eterno desconhecido... vamos abraçar-te... podes crer!


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